Por: MARIA LUÍSA ABRANTES
Data: 03/12/2024
O Executivo angolano encomenda os estudos de desenvolvimento econômico e social a consultores estrangeiros, (de língua oficial portuguesa) , aliás , como todos os estudos importantes, que incluiem fracas estratégias . Por essa razão , o Executivo papagueia o que lhes é vendido , mas não tem cultura de fazer contactos bilaterais com a devida antecedência , com os seus concorrentes e até com os seus parceiros nas organizações multilaterais. Nada se constrói de um dia para outro , como a TPA e a Zimbo dão a atender diariamente e muito menos sem a inclusão da sociedade civil .
É preciso preparar com bastante antecedência as reuniões nas organizações internacionais , onde Angola é membro e paga quotas , do dinheiro do bolso dos contribuintes . Tenta-se rebater os problemas só durante as reuniões e ” a posteriori”, correndo atrás do prejuízo . Relativamente à negociação da dívida externa, mencionei essa prática no livro de minha autoria ” Breves Reflexões sobre o Investimento Privado – O caso de Angola”.
Entretanto , segundo a imprensa internacional, espera-se que a OPEP reduza a quota de produção de Angola , a quem propuseram a redução da sua quota de aumento proposta para 2024 e manutenção da produção média actual de 1,11 milhões/dia , quando está a cerca de 50% de metade da produção proposta desde 2008 e já atinginda durante vários anos.
Após consumir praticamente quer quase toda a receita do Fundo Soberano , quer o próprio Fundo , o Estado angolano tem dificuldade em financiar um fundo nacional para os investimentos no sector da energia . A menos que o Executivo continue de mão estendida a pedir mais financiamento externos ( empréstimos ) , com garantias soberanas , hipotecando mais as reservas petrolíferas limitadas , assim como as gerações vindouras . Essa prática aumentaria a incerteza e o desenvolvimento econômico do país , onde a dívida externa é de cerca de 92% do PIB .
A verdade é que as empresas estrangeiras petrolíferas que operam em Angola , habituaram-se a trabalhar com financiamento e não com investimento directo . Inclusive’ os edifícios de sua propriedade e as rendas de casa ondina habitam os seus expatriados sempre foram pagos pela SONANGOL , com a perspectiva do acerto posterior “contas “. Quem fiscalizava ???
Avizinham-se maiores dificuldades, porque os bancos dos países signatários do Acordo de Paris , que defende a substituição da energia fóssil ( suja ) , pela energia limpa , para a redução do gás carbônico, não deveriam financiar a indústria petrolífera a partir de 2020. Em 2021 , apenas alguns bancos nos EUA e a China abriram essa exceção ( desertaram ), mas apenas para algumas das suas próprias empresas e nunca para financiar empresas estrangeiras. E agora ?