Por: MARIA LUÍSA ABRANTES
Data: 12 / 12 / 2023
Em 2022 o petróleo representou 95% das exportações e contribuiu em 30% para o PIB .
A diversificação da economia não pode acontecer , porque o Executivo tem priorizado investimentos não sustentáveis ( não prevêem a formação de quadros , nem o impacto ambiental) , consultoria estrangeira desnecessária ( que privilegia o ” copy and paste /copiar e colar ), desprestigiando os milhares de quadros angolanos , muitos dos quais formados desde 1975 no exterior, com bolsas de estudo pagas pelo Estado . O Executivo prioriza ainda , actividades ( fóruns e viagens extremamente dispendiosas ) , porque não racionaliza os recursos financeiros escassos .
Pelas razões expostas, não houve continuidade de investimentos públicos como perspectivado no PND , para a construção , reabilitação e manutenção das infraestruturas básicas e sanitárias , iniciadas em 2004 . A diversificação da economia continua a ser uma miragem , ou se quiserem , uma ficção do marketing político do Executivo, propalado nas televisões nacionais e internacionais pagas a peso de diamante , ( CNN e Euro News ) e por este andar , só se tornará realidade a muito longo prazo ( o médio prazo vai de 2 a 4 anos) .
O certo é que , foi obtido um reduzido crescimento econômico conseguido em 2021 ( 1,3% ) e em 2022 ( 3% ) , sendo 7% o crescimento mínimo sustentável necessário para África Subsaariana ) . Nos anos anteriores a 2022 , Angola observou um período de depressão ( recessão por um período superior a 3 anos ) , nomeadamente, em 2017 ( -0,2%) , 2018 ( -2,1%) , 2019 ( -0,6%) e 2020 ( -5,2%) .
A partir de 2004 , com o “breakeven/ponto de equilíbrio , em 2008 , Angola parecia ter rumo e a sua performance econômica, era apresentada como exemplo a seguir, quer nos relatórios do Banco Mundial e FMI , como em todos os grandes fóruns internacionais. Os estrangeiros queriam vir trabalhar em Angola e o angolano passou a ser olhado com respeito entre 2004 a 2016 .
O PIB passou de 15,29 bilhões de dólares em 2002 , para 137,2 bilhões de dólares em 2014 ( auge ) , com um crescimento econômico que chegou a atingir os 15% ao ano , idêntico ao período de máximo desenvolvimento conseguido pelos portugueses no início dos anos 70. Encontrei muitas zungeiras e até camponeses analfabetos a viajar para o Brasil , via Dubai , China , Turquia , etc. , para comprar diversas mercadorias , tais como confecções , calçado , alfaias agrícolas, outros equipamentos, mobiliário , etc. , fazendo perguntas por sinais , por desconhecimento das línguas . Nos últimos 7 anos isso é absolutamente impossível.
Infelizmente, o petróleo continuará a ser o principal provedor de meios financeiros cada vez mais escassos , que caiem nas receitas do Estado. Entretanto, como já foi escrito no Jornal de Angola de 05/09/2018 , reportando um relatório do ” Fórum Africano e rede sobre Divida e Desenvolvimento ( AFRODAD)” , “Independentemente dos riscos fiscais causados pelo declínio do preço do petróleo , a situação de crise econômica de Angola é indicativa de uma má gestão financeira em grande escala” e essa constatação continua actual .