Por: MARIA LUÍSA ABRANTES
Data: 19 / 06 / 2023
NÃO SE EMITE MOEDA NO VAZIO SEM CONTRAPARTIDA EM OURO OU EM PRODUÇÃO .
O mais elementar para qualquer cidadão é perceber que não se pode emitir moeda no vazio , assim como é impossível fazer omelete sem ovos .
As intervenções nas políticas monetária e cambial, através da imposição de um câmbio ” deslizante ” ( regulado pelo BNA ) , a que denominaram de câmbio flutuante , respaldada pelo programa do FMI , não trouxe à economia angolana qualquer resultado benéfico .
Apenas beneficiaram os importadores de matérias primas , nomeadamente, o petróleo e os diamantes, que os compraram muito mais barato . Ao contrário , como Angola vive de importações, o Excutivo Angolano não tem adoptado as medidas adequadas para alavancar a diversificação da economia e a preservação do meio ambiente , pelo que tem sido enxugados todos os Kwanzas da população activa . Os Kwanzas que sobraram no mercado , estão a perder o valor .
Não basta o Estado intervir na economia angolana , através do seu Executivo , gizando programas políticos insustentáveis para a economia . Os programas aprovados pelo Executivo e pelo poder Legislativo, são meramente políticos , porque estão assentes quase exclusivamente na produção do petróleo, que não é todo ” nosso” ( é maioritariamente das associadas estrangeiras ) e não estão assentes na capacidade produtiva real .
A título de exemplo, vejamos a meta traçada há cerca de duas décadas, para a produção diária de 2.000 barris de petróleo/dia , alcançada e ultrapassada ligeiramente . Esse objectivo , está reduzido a cerca de metade ( cerca de 1.100 barris/dia) , com a possibilidade de redução , não apenas porque o petróleo é um recurso natural escasso e esgotável , mas também porque os países membros do Tratado de Paris , comprometeram-se a deixar de financiar a produção de energia fóssil ( suja) , a partir de 2020 .
Angola chegou ao ponto de não conseguir produzir o suficiente para suprir a sua quota mínima de produção determinada pela OPEP , de que é membro, que até tinha cortado o número de barris de petróleo que deveria produzir, em relação ao estimado .
Com o monopólio oferecido ao Grupo Carrinho ( com a garantia soberana arbitrária do Estado) , para o abastecimento da reserva estratégica alimentar e o apoio ao duopolio criado no sector de reabilitação de infraestruturas , aos sectores de importação de combustíveis , entre outros , morre a concorrência , que alimenta a qualidade e a normalização dos preços , que passariam a estar ajustados aos do mercado global .
Assim , mata-se à nascença, toda a possibilidade de sobrevivência das famílias.
Num cenário tão sombrio , só restará ao Estado, continuar a inventar impostos indirectos para cobrar e/ou aumentar os impostos directos aos contribuintes , que só tem visto a sua renda a minguar cada vez mais , ou a desaparecer, transformando-os em indigentes.