Por: MARIA LUÍSA ABRANTES
Data: 19/12/2025
Uma das notícias do dia , é que Angola gastou 100 milhões de dólares na importação de milho , nos últimos 11 meses do ano. Por outro lado , há ” ordens superiores ” para que os produtores nacionais entreguem todo o milho produzido só ao Grupo Carrinho , não que paga a dinheiro . Quando os produtores precisarem de insumos , em troca , o Grupo Carrinho que foi alavancado a 100% por garantias do Estado , ( antes era uma “tasca “) fornece ou não , ( quando pode e como lhe convier ) , o que “parceiros ” necessitam . No entanto, está APARENTEMENTE (como sempre), expressamente proibida ” sem excepção ” a importação de milho , visando a substituição de produtos agrícolas importados por nacionais .
– Mas houve mais uma vez excepções . É assim que o Executivo quer diversificar a economia ?
O monopólio do milho e derivados , está nas “mãos ” do Grupo CARRINHO e ao libanês ” Fidel ” , que chegou a Angola com uma mão a frente e uma mão atrás . O Fidel fornece o que falta ao Grupo CARRINHO.
Mas a pergunta que não se quer calar é :
– Qual é a diferença entre a criação das grandes empresas privadas nacionais , como por exemplo, a Biocom , a UNITEL , a SOMOIL ( YETU ENERGY ) , entre tantas outras , ( e até internacionais) , criadas durante o anterior regime e o Grupo CARRINHO , assim como as empresas do Tulumba , ou a OMATAPALO ?
Como jurista , desconheço leis que engajem o Estado a oferecer garantias soberanas de milhões de dólares , ou cartas de conforto a investidores privados a 100% , escolhidos ” por obra e graça do Espírito Santo ” , nem que autorizem as instituições bancárias do Estado, ou a empresa petrolífera do Estado SONANGOL , a financiar projectos privados . Ainda por cima , empresas cujos associados não apresentaram garantias reais adequadas e muitíssimo menos, que recorressemà SONANGOL .
O Estado estaria autorizado a financiar o valor correspondente a sua participação em empresas mistas , ou em parcerias públicas privadas (PPP) , nos termos dos contratos assinados, só após a validação do Tribunal de Contas .
Em Angola , para além de não existir separação entre os poderes Executivo , Legislativo e Judicial, o primeiro manipula a opinião pública nacional e internacional , desconhecedora dos meandros da legislação vigente . Todavia , não pode manipular quem tem conhecimento e experiência sobre a matéria .
Tentaram tapar alguns ” buracos ” e abrir mais algumas brechas, para continuarem a sangrar as divisas das RIL ( desinvestimento massivo ) , como por exemplo, bastar o capital social irrisório para criar uma empresa estrangeira a operar no país ; para poderem ter acesso ao investimento interno e para transferirem dividendos antes do investimento terminado . Para o efeito , puseram mais duas ” raposas no galinheiro ” . Daí , pessoas colectivas nacionais ligadas ao regime , terem também criado empresas ” estrangeiras” , como se de investidores estrangeiros se tratasse , assim como parte do dinheiro conseguido pelas empresas alavancadas pelo Estado , serviu para abrirem as suas sucursais no exterior .
Angola é de facto , um país , onde sucedem grandes milagres. Um indivíduo entra no serviço militar regular pauperrimo e acaba a carreira trilionário , enquanto nas mesmas condições, a maioria acaba na sarjeta , 50 anos depois a independência.


