Por: MARIA LUÍSA ABRANTES
Data: 26/12/2025
A pontuação que daria ao desempenho sócio-econômico do governo em 2025 de 0 a 10 , seria 0 ( zero ) , pelas razões que passo a descrever :
– As Conferências organizadas e/ou promessas que das mesmas possam advir , relativamente a financiamentos ( empréstimos ) para projetos estruturantes de vulto , ainda não se materializaram com a execução e inauguração dos mesmos . Nessas conferências , grande parte das despesas com alojamento e transporte de convidados , foram em muitos casos pagos pelo governo sem necessidade .
– Há um enfraquecimento da estabilidade politica . Por isso atiram indiscriminadamente para a população a matar , inclusive pelas costas , quando há manifestações. Poderiam , em vez de armas com balas reais , usar jactos de água e de gases lacrimogêneo e obrigam os trabalhadores a ficarem em casa sem trabalhar , quando o Executivo recebe visitas importantes do exterior ;
– Sistema judicial não independente .
– instituições do Estado fracas , com falta de transparência e de prestação de contas com reservas pelas empresas estatais . Não há transparência na rubrica de despesas extraordinárias . Segurança de Estado muito deficiente , Forças Armadas e da Polícia Nacional debilitadas ( falta de fardamento, alimentação deficiente, treinamento irregular e insuficiente . Os policiais são frequentemente agredidos por civis e sobrevivem da ” gasosa” ).
– O censo de 2024 foi inconclusivo . Ficou de fora 28,3% da população , o que é grave , pois essa população não conta para ter acesso ao ensino , aos cuidados primários de saúde , ao saneamento básico , desconhecendo-se em que condições sobrevivem .
– Aumento do endividamento de curto e médio prazo no exterior , para pagamento da divida , ou para financiamento de empreendimentos nem sempre prioritários , no que se refere ao impacto final sócio-económico. A maioria dos contratos tem sido adjudicados por ajuste direto . Foram concedias garantias soberanas e cartas de conforto , a parceiros privados nacionais e estrangeiros , de forma pouco transparente .
– Em 2024 , o stock da dívida externa de cerca de 53,5% do PIB já era elevada , para uma economia não diversificada como a angolana . Em 2025 , segundo o FMI , prevê-se que stock da dívida externa ascenda a cerca de 63,5% do PIB , aumentando o endividamento.
Só de juros da dívida , a previsão para 2025 é de cerca de 5,2.% do PIB .
– Cerca de 83% da dívida externa tem exposição cambial , sendo maioritariamente indexada a taxas variáveis ( LIBOR/EURIBOR ) , com a agravante de Angola ter entrado para a lista cinzenta do GAFI .
– Angola saiu da OPEP , com o argumento de que pretendia ultrapassar a produção diária de 1.110.000 barris/dia ( BPD) imposta pela OPEP , para o mínimo de 1.200.000 (BPD) . Pelo contrário , não atingiu a média proposta pela OPEP , muito menos a proposta no OGE para 2025 , produzindo em média apenas cerca de 1 milhão de (BPD . Chegou-se a produzir abaixo desse número , dando origem à queda de produção em 10,7% relativamente ao orçamentado , por falta de investidores , para além da oscilação do preço do petróleo .
– Não obstante em 2025 tenha havido uma maior contribuição no PIB do sector não petrolífero , estranhamente , segundo o INE , o sector que mais cresceu ( sem vermos os resultados palpáveis ) , foi o sector da informação e comunicação . Segundo o INE , a contribuição desse sector para o PIB não petrolífero , no 2o. trimestre foi de 55,67% , contra 38,1% no 1o. trimestre ( uma percentagem bastante elevada). Ainda assim, durante o discurso do Presidente João Lourenço sobre o Estado na Nação , este referiu , que a produção petrolífera representava cerca de 98% das exportações e 75% das receitas . Esses números são ilustrativos da fraca qualidade da produção interna , aliás insuficiente para o consumo interno . Angola em 2024 importou cerca de 15,02 bilhões de dólares ( mil milhões) . Prevê-se para 2025 um aumento nas importações de 34,71% relativamente a 2024 .
– A previsão da contribuição das empresas nacionais para o Sector petrolífero , seria de 20% de acordo com a legislação sobre o conteúdo local . Todavia , a participação das empresas nacionais só corresponde 1,9% dos negócios . Dessa percentagem , as empresas nacionais ainda subcontratam cerca de 1% de empresas estrangeiras . As empresas locais , ficam residualmente só com cerca de 0,9% dos negócios. Em cerca de 4 anos , do valor de custos da indústria petrolífera de cerca de 78,5 mil milhões de dólares , apenas 1,8 mil milhões de dólares foi destinado às empresas residentes cambais , ficando no país somente 0,9% desse valor .
– O aumento da contribuição do sector produtivo para o PIB não petrolífero ainda é insipiente , comparativamente com o grande potencial em recursos hídricos , terras aráveis e com crescimento anormal do capital humano ocioso . Aumentou o número de cidadãos que passou a alimentar-se directamente do lixo , o que nunca aconteceu mesmo durante os 28 anos de guerra , devido encerramento ou fraco funcionamento de inúmeras empresas e explorações agrícolas . Existe nitidamente o favorecimento a monopólios e oligopólios , o que piora o ambiente de negócios , onde se incluiem entre outros , nomeadamente , a falta de credibilidade das instituições , que afecta a confiança dos potenciais investidores ; a desvalorização do Kwanza ; a elevada taxa de inflação ; o péssimo funcionamento da AGT , que está quase sempre sem sistema e multiplica ( repete ) a cobrança dos impostos já elevados ; as taxas de juros elevadíssimas para acesso ao credito e a péssima condição das infraestruturas básicas .
– Por negligência dos serviços de Defesa , Segurança e Ordem Interna , para além da invasão de cidadãos de países africanos , com destaque para os cidadãos da RDC , aumentaram as perdas financeiras anuais , nomeadamente :
– Cerca de 6 bilhões ( mil milhões) de dólares , com a saída ilegal de diamantes , por cidadãos da RDC , ( que só tem a qualidade Industrial );
– Cerca de 500 milhões de dólares , com a pesca ilegal ;
– Péssima prestação dos Ministérios do Ambiente , do Comércio e da Indústria ( raramente tem sistema informático funcional e fiscalizam só o que convém ) e do Ministério da Justiça ( inclui as instituições que tutela ) .
– Péssima prestação dos Ministério das Finanças ( inclui as instituições que tutela ) e da Energia e Águas .
– Péssima prestação dos Ministérios dos Transportes ( inclui as instituições que tutela) ; do Ministério da Administração do Território e do Ministério da Construção e Habitação .
– Péssima prestação do Ministério do Interior ( inclui os órgãos que tutela , com destaque para o SIC ).
– Má prestação dos restantes Departamentos ministeriais , no que respeita a morosidade e fraca qualidade de atendimento , ausência de resposta e organização interna .


